WASHINGTON - Os
países do G-20 mostraram algum avanço na redução de seus desequilíbrios
externos e internos, mas ainda é necessária uma ação coordenada para
atingir o crescimento balanceado e sustentável, aponta um relatório
divulgado nesta sexta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O
documento identifica nove economias com desequilíbrios de médio prazo
relativamente grandes, fazendo uma análise da situação de cada uma e
sugerindo políticas para enfrentar a questão – China, zona do euro,
França, Alemanha, Índia, Japão, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. O
Brasil ficou fora, por não apresentar grandes desequilíbrios segundo os
indicadores usados - dívida pública e déficit fiscal, poupança
privada e dívida privada; e a situação das contas externas, englobando a
balança comercial, o fluxo líquido de investimentos e transferências.
Ao analisar o conjunto das economias do G-20, o FMI diz que os
desequilíbrios externos diminuíram de modo geral”, observando que
“essas melhoras são em parte permanentes, e em parte transitórias”. Os
problemas fiscais também “estão melhorando lentamente”. O Fundo
ressalta, no entanto, que ainda é preciso diminuir ainda mais os
desequilíbrios, ao mesmo tempo em que se deve fortalecer as perspectivas
de crescimento. A análise do FMI foi feita no contexto do Processo de
Avaliação Mútua do G-20, feita a cada dois anos, uma iniciativa lançada
na cúpula de Pittsburgh, em 2009.
Os desequilíbrios externos diminuíram mais do que o estimado nas
previsões feitas em 2011, diz o FMI. “Embora alguns fatores temporários
possam ter tido algum papel, a equipe do FMI não espera que os
desequilíbrios voltem para os níveis registrados antes da crise se
compromissos de políticas forem cumpridos”, afirma o relatório. “O
superávit externa da China, por exemplo, encolheu significativamente
entre 2008 e 2013, de cerca de 10% do PIB para 2% do PIB, refletindo um
rebalanceamento em direção à demanda interna (investimento mais alto)”. O
FMI projeta superávits mais modestos para o país nos próximos anos.
“Os EUA também estão vendo redução dos seus déficits externos e
fiscais, e a expectativa é que eles continuem menores no médio prazo”,
diz o relatório. No caso da economia americana, parte do ajuste também
foi saudável por ter corrigido muitos dos excessos financeiros que
precederam a crise de 2007 e 2008, enquanto outra parcela se deveu aos
efeitos da Grande Recessão, como a forte queda do investimento e o
aumento da poupança privada.
Os principais desequilíbrios identificados para as nove economias são
os seguintes – China: poupança privada elevada e superávit externo;
França: dívida pública e déficit externo elevados; Alemanha: dívida
pública e superávit externo elevados; Japão: superávit externo moderado e
grande dívida pública; Reino Unido: baixa poupança privada e dívida
pública elevada; Estados Unidos; déficits fiscais e externos elevados;
Índia, desequilíbrios signficativos nos setores público e privados; zona
do euro: superávits externos em alta, com uma piora dívida pública;
Espanha: dívida pública em alta.
O ponto mais preocupante é que é o crescimento continua a ser
decepcionante, diz o FMI. As perspectivas de expansão nas economias
avançadas pioraram, e parte da redução dos desequilíbrios globais se
deve à compressão de demanda nos países deficitários, o que afetou o
crescimento, como ocorreu com os EUA. “Antes da crise, a economia global
mostrou a capacidade de se crescer rapidamente quando os desequilíbrios
eram grandes e estavam aumentando. Na crise depois dela, ela cresceu
muito mais devagar com desequilíbrios menores. Ainda é necessário
conseguir crescer com mais força e com desequilíbrios menores”, disse o
chefe da divisão do departamento de pesquisa do FMI, Hamid Faruqee, um
dos principais autores do relatório, em nota divulgada pela instituição.
O FMI faz então uma série de recomendações de políticas para os
países enfrentarem os desequilíbrios e conseguirem avançar a um ritmo
mais forte. “Primeiro, há uma necessidade de mais rebalanceamento
interno”, aponta o FMI. “Melhorar as finanças públicas em países com
déficits fiscais persistentemente elevados também vai ajudar a reduzir
os déficits externos.”
Para os EUA, o FMI receita um ritmo de ajuste fiscal mais gradual no
curto prazo, ao mesmo tempo em que o país precisa mostrar um plano
crível para enfrentar o crescimento de despesas no longo prazo. O Japão
também terá de dosar a consolidação fiscal, apresentando um mapa de que
vai resolver a questão das contas públicas em prazos mais longos.
Para a Índia, um país em que “as pressões externas aumentaram
recentemente”, o FMI recomenda que as autoridades abordem os déficits
fiscais por meio de um reforma tributária e do sistema de subsídios,
assim como de melhoras estruturais na economia.
Para economias superavitárias (com saldos externos elevados), o FMI
diz que é importante promover reformas estruturais para fortalecer a
demanda interna, no caso da Alemanha, ou mudar a sua composição, no caso
da China, que precisa dar mais ênfase ao consumo do que ao
investimento. Na zona do euro, a recomendação é